Trabalho docente nos tempos atuais: representações sociais de alunos das licenciaturas em Ciências Exatas do campus cuiabano da UFMT

SANTANA, Anderson de Sousa
Trabalho docente nos tempos atuais: representações sociais de alunos das licenciaturas em Ciências Exatas do campus cuiabano da UFMT
Cuiabá/MT, Universidade Federal do Mato Grosso, UFMT, 2008. 182p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Eugenia Coelho Paredes).

Resumo Quais as Representações Sociais (RS) dos estudantes dos cursos de licenciatura em Ciências Exatas da UFMT, campus de Cuiabá, sobre o trabalho docente? O estudo objetivou compreender a docência, bem como seus principais atores. Para tanto, analisou-se as respostas das questões: Nos dias atuais, do que depende o trabalho do professor?, Quais as razões para ser professor? e Quais as razões para não ser professor?. Fundamentou-se na Teoria das RS, de Moscovici (1978; 2005), na Teoria do Núcleo Central, de Abric (1998; 2003), e em autores que auxiliam nas discussões sobre a docência, tais como Tardif e Lessard (2005) e Soratto e Olivier-Heckler (2002). Para a coleta de dados utilizou-se a técnica de Associação Livre de Palavras, por meio da qual solicitou aos licenciandos que evocassem cinco palavras soltas, em seguida as hierarquizassem e, por último, elaborassem uma frase com o atributo que elegessem como o mais importante. Os dados encontrados foram processados no software EVOC e os dados censitários dos depoentes, no programa computacional SPSS. De um universo de 2.699 alunos, utilizou-se uma amostra de 1.574 sujeitos, distribuídos em 12 cursos, constituindo o Grupo Geral. Deste, recortou-se três cursos: Física, Matemática e Química, correspondendo a 350 depoentes, para uma análise mais detalhada, constituindo o Grupo Específico. Posteriormente, procedeu-se à verificação de comparecimentos dos atributos e categorias em ambos os blocos amostrais. Os dados encontrados nesse estudo parecem apontar para um discurso em que os depoentes tentam manter uma identificação com o trabalho docente e estabelecer um nível de realização desse ofício. No entanto, esse discurso parece vir sustentado por uma rede de significados na qual sobressaem suas queixas em relação à profissão. No Núcleo Central (NC) aparece mais idealizada e no sistema periférico, mais real, concreta, que não se caracteriza por meio de elementos auxiliares à sua concretização e sim por elementos que obstaculizam as projeções positivas do NC. É como se existisse uma tensão que ora puxa em favor da realização, ora para a impossibilidade de execução, como se esta fosse uma atividade que se realiza no discurso e não concretamente, constituindo-se em uma profissão impraticável, embora os depoentes apresentem opiniões mais conceituais acerca do trabalho docente. Percebe-se, também, a existência de um conflito entre saber o que precisa ser feito e não conseguir fazê-lo, reforçado pelo discurso encontrado em todas as questões acerca da ausência de condições de trabalho. Por que esse ofício se apresenta nessas RS como irrealizável? Os licenciandos parecem enxergar essa impraticabilidade como dependente mais do poder público e do aluno do que do professor. Este, se retirado de cena, inviabiliza o processo de ensino, tendo em vista o fato do poder público estar distante e o discente não ter poder de decisão. Os depoentes parecem acreditar que os educadores sabem o que necessita ser feito, mas não encontram condições favoráveis, e precisam gerenciar esse problema. Isso parece revelar um professor indisposto a enfrentar e administrar as adversidades, reforçando a hipótese de um trabalho docente conceitualmente representado na idealização e não da realidade. Assim, as representações sociais dos encontradas acerca do trabalho docente ancoram-se nas condições de trabalho, nos agentes sociais e nas características pessoais, em que se atribui a responsabilidade de proporcionar os elementos que favoreçam o bem-estar e a continuidade da profissão docente. E, objetivam-se nas carências de Condições de trabalho, na Qualificação e nas Características pessoais, necessárias à plena execução das atividades de ensino.