Saberes Em Ciências Naturais: O Ensino De Física e Química no Colégio Culto à Ciência De Campinas - 1873/1910

MELONI, Reginaldo Alberto
Saberes Em Ciências Naturais: O Ensino De Física e Química no Colégio Culto à Ciência De Campinas - 1873/1910
Campinas/SP, Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, 2010. Tese de Doutorado. (Orientador: Maria Cristina Menezes).

Resumo A tese trata do início do ensino das ciências Física e Química na educação secundária no Brasil, tendo como objeto de estudo o Colégio Culto à Ciência de Campinas. O período analisado compreende os anos entre 1873 e 1910 que é quando ocorreu uma maior valorização destes saberes em relação à educação predominantemente humanística que se praticava. Esta investigação insere-se no campo da História Cultural, e trabalha com conceitos como, "apropriação", "representação coletiva", "cultura escolar" e "cultura material" e, com isto, procura entender os nexos deste processo de transformação da educação com o contexto sócio/cultural do período. O texto está estruturado em quatro capítulos: o primeiro analisa a recepção e a circulação no Brasil das idéias relativas à valorização da educação em ciências e a disputa entre os que valorizavam estes conhecimentos e os que defendiam uma educação essencialmente humanística. O segundo capítulo aborda a forma como esta discussão aconteceu no Brasil e, neste sentido, a principal questão estudada foi o debate que ocorreu quando da elaboração dos Regulamentos dos Gymnasios de São Paulo: o da Capital e o de Campinas. O acompanhamento deste processo possibilitou entender tanto a forma como foi normatizada a educação em ciências, como alguns aspectos relativos às contradições entre as forças políticas que atuavam na sociedade paulista. O terceiro capítulo investigou a estruturação da escola de Campinas para o ensino das ciências. Primeiro constatou-se que, no final dos oitocentos, foi destinada muita atenção a este tema. Neste período foi construído no Colégio Culto à Ciência um espaço próprio para as ciências com gabinete, laboratório e museu, para o ensino da Física, da Química e da História Natural, respectivamente. Além disso, verificou-se que estes espaços receberam o que havia de melhor em termos de materiais pedagógicos, sendo que a maior parte deles era importada de fabricantes franceses e alemães. Este acervo, que ainda hoje encontra-se na escola, foi identificado e catalogado para o desenvolvimento desta pesquisa. Finalmente, o último capítulo tratou do uso deste material escolar. A partir de pistas e vestígios da prática pedagógica foi possível fazer uma maior aproximação do que era o ensino das ciências naquele período.