MATSUMOTO, Luciane Terezinha Joly
Reestruturação do mundo do trabalho e a formação profissional do técnico em química
Curitiba/PR, Universidade Federal do Paraná, UFPR, 2003. 91p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Izaura Hiroko Kuwabara).
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Resumo |
No presente trabalho levantou-se a situação sócio econômica, profissional e educacional dos profissionais de nível médio da área de Química, com o intuito de caracterizar não só o ambiente de trabalho mas também o perfil desses trabalhadores. Na metodologia adotada optou-se por investigar dois ambientes, o ambiente escolar através da aplicação de um questionário a 49 alunos trabalhadores que se encontram atuando na área de química ou áreas correlatas, e o ambiente profissional, através da realização de entrevistas com 27 profissionais da área de química contatados diretamente nas empresas em que atuam. Os entrevistados apontam os anos de experiência na área como um fator favorável para competir no mercado de trabalho, e como um dos obstáculos a idade mais avançada, sugerindo um ingresso precoce no mercado de trabalho. Os profissionais desempenham um número crescente de funções, cada vez mais variadas, tornando o profissional um executor multi-tarefas, o que ainda é bem visto por parte de alguns profissionais que se sentem assim mais valorizados, tornando o trabalho segundo eles um pouco menos alienante. No entanto a execução de multi-tarefas leva à desprofissionalização, resultando no não reconhecimento do trabalhador como pertencente a uma classe profissional, contribuindo assim para manutenção de um ciclo de desprofissionalização. Os trabalhadores que ainda não possuem formação técnica em química estão atualmente freqüentando o curso no período noturno. Deste modo a sua qualificação tem ficado sob sua total responsabilidade, como mecanismo de manter a empregabilidade, seja pela obtenção do título formal ou seja pela fundamentação teórica necessária para o acompanhamento das novas tecnologias, ou por ambas. A formação profissional do técnico em química atualmente oferecida é estruturada em módulos, onde cada disciplina constitui um módulo com duração de apenas 3 meses e o conteúdo programático ainda foi ampliado em relação ao do curso anteriormente ofertado, resultando em uma maior fragmentação dos conhecimentos, e tornando a formação mais aligeirada. Deste modo a formação profissional não tem contemplado as exigências das empresas, que em sua maioria tem oferecido cursos periódicos de treinamento à seus funcionários. O profissional da área de química merece uma atenção maior do que a lhe esta sendo dada, visto a grande importância que a indústria química desempenha no setor produtivo. O Brasil possui condições materiais suficientes para tornar-se autônomo no que se diz respeito à produção de produtos químicos, passando de importador a exportador desses produtos. Como exemplifica o caso do técnico químico, sócio fundador da empresa E, destinada a produção de resinas e adesivos, que através da práxis passou de trabalhador técnico à empresário. Este exemplo evidencia o poder transformador da práxis, o domínio de conhecimento como meio de produção e as perspectivas de expansão da indústria química.
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