FURLAN, Elaine Gomes Matheus
O processo de socialização e construção de identidade profissional do professor iniciante de química
São Paulo/SP, Pontífica univerisidade Católica de São Paulo, PUC - São Paulo, 2011. 262p. Tese de Doutorado. (Orientador: Luciana Maria Giovanni).
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Resumo |
O presente trabalho teve como objetivos: ampliar a compreensão sobre formação de professores por meio de um estudo na perspectiva do professor iniciante de Química, focalizando as condições de ingresso na carreira docente, seu processo de socialização e construção de identidade profissional; investigar a aprendizagem da profissão por esses professores atuantes no ensino médio, considerando as particularidades desta etapa do ensino básico; comparar como se dá esse processo nas escolas públicas e particulares do município de Araraquara/SP. Com base em referenciais teóricos que discutem, de um lado, questões relacionadas à cultura escolar como Pérez Gómez (1998) e Julia (2001) e, de outro lado, aspectos sobre socialização e construção de identidade profissional como Berger e Luckmann (2007) e Dubar (2005), a pesquisa procura desvendar como se dá o processo de socialização e construção de identidade profissional dos professores iniciantes de Química em face de um ambiente escolar novo, envolvendo a transmissão da cultura escolar, suas regras, hierarquias, valores, rituais e poderes, pelos demais agentes da escola. Nortearam o estudo, as seguintes hipóteses: a) existe uma cultura instaurada, sedimentada e diferente em cada organização escolar, com alguns aspectos comuns e outros variantes, que é evidenciada no processo de socialização entre os pares, principalmente em relação aos professores principiantes; b) há diferenças significativas entre o ensino médio das escolas particulares e das públicas, especialmente em relação às formas de organização, graus de liberdade e autonomia, influenciando nas interações que os atores estabelecem entre si e, conseqüentemente, na construção de suas identidades profissionais; c) a construção operacional da identidade implica, também, na aquisição de saberes legítimos que permitam a elaboração de estratégias práticas e a afirmação de uma identidade reconhecida, envolvendo o compartilhamento de linguagem, códigos e sua utilização em relações diretas, proporcionando resultados, tanto estáveis quanto provisórios, de processos de socialização; d) os professores iniciantes são levados a endossar ou a recusar as identificações que recebem das instituições e da relação com os pares e demais atores da escola, de acordo com os percursos (biográfico e relacional) vivenciados ao longo de suas trajetórias. Trata-se de pesquisa empírica, de natureza qualitativa, cuja metodologia inclui o uso de questionários para realização de estudo preliminar com vistas ao levantamento das 29 escolas (15 públicas/estaduais e 14 particulares) de ensino médio do município de Araraquara-SP, elaboração de perfil dos 42 professores de Química e identificação dos 14 iniciantes, além de entrevistas em profundidade com esses iniciantes localizados. Os dados, coletados no período de 2008-2009, foram mapeados, organizados em quadros e tabelas e analisados com o auxílio das seguintes categorias de análise: características pessoais e do âmbito familiar dos professores; educação informal, vida pessoal e social; educação formal e experiências vivenciadas no ambiente escolar; o curso de licenciatura em Química e o preparo para a profissão; a profissão docente e o professor iniciante de Química; o trabalho do professor iniciante (e seus desdobramentos), processos de socialização no ambiente escolar e a interação com a cultura da escola. Os resultados obtidos confirmaram as hipóteses e permitem afirmar que os processos de socialização envolvem aspectos individuais e coletivos, estáveis e provisórios e resultam nas identidades dos iniciantes de Química que são marcadas pela dualidade dos processos relacional e biográfico em face da cultura escolar
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