O livro didático de Química como discurso curricular: recontextualizações no campo das políticas educacionais

OLIVEIRA, Ana Carolina Garcia de
O livro didático de Química como discurso curricular: recontextualizações no campo das políticas educacionais
Campinas/SP, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2014. 233p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Maria Inês de Freitas Petrucci dos Santos Rosa).

Resumo Nessa pesquisa, procuro compreender tensões inerentes às políticas públicas voltadas para o livro didático de Química, realizadas no contexto do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), sob responsabilidade do Ministério da Educação. Inspirada pelo ciclo de políticas proposto por Stephen Ball, tenho como objetivo principal investigar os processos de elaboração e avaliação do livro didático realizados no PNLD e a influência da comunidade acadêmica de Ensino de Química nesse processo. Compreendendo as políticas curriculares como redes discursivas que se estabelecem em contextos marcados por permeabilidades, o quadro empírico da pesquisa se constituiu a partir de dois campos: 1. As entrevistas colhidas como narrativas de avaliadores participantes do processo e autores de livros didáticos e, 2. A análise de um conjunto de artigos publicados em periódicos e eventos de Ensino de Química/Ciências e suas possíveis influências nas obras didáticas no período compreendido entre o PNLEM 2007 e o PNLD 2012. A partir das entrevistas, mônadas (BENJAMIN, 1994) foram elaboradas, potencializando diálogos entre a avaliação do livro didático de Química e a influência da comunidade acadêmica neste processo. A partir da análise das mônadas, foi possível perceber elementos de tensão na fala dos professores avaliadores e autores, entre eles destaco a alusão ao conhecimento químico escolar e ao conhecimento químico de referência, sendo que este último pode ser considerado como tentativa de legitimar o posicionamento dos avaliadores e autores dos livros. Além da comunidade acadêmica, outras instâncias produziram efeitos deixando marcas no processo de elaboração e avaliação do livro didático, como Ministério da Educação, grupos editoriais e escolas. Dessa forma, o livro didático pode ser considerado como um híbrido resultante dos discursos recontextualizados advindos desses e de outros contextos. Sendo assim, a autoria das políticas passa a ser plural, diversos sujeitos e instâncias delas participam e a constroem.