O ensino universitário de Química em descompasso: dificuldades de futuros professores na construção do pensamento químico

SOUZA, Karina Aparecida de Freitas Dias de
O ensino universitário de Química em descompasso: dificuldades de futuros professores na construção do pensamento químico
Araraquara/SP, Universidade Estudal Paulista "Julio de Mesquita Filho", UNESP, 2007. 128p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Arnaldo Alves Cardoso).

Resumo Com base na convicção de que a essência do conhecimento químico está na manipulação de entidades microscópicas e de que, por esse motivo, é fundamental que aqueles que se propõem a aprofundar-se nos domínios dessa ciência tenham acesso à sua peculiar forma de trabalho e raciocínio, o presente trabalho teve por objetivo investigar qual o papel atribuído por licenciandos em Química às discussões acerca da natureza dessa disciplina, com especial atenção à exploração dos fenômenos em nível microscópico. A coleta de dados deu-se a partir de duas atividades com objetivos complementares, e que serviram de base para entrevistas. Na primeira atividade, então discorreram os estudantes, dentre outros aspectos, sobre a importância da presença de discussões acerca da natureza da Química e das discussões dos fenômenos em nível teórico-conceitual em situações de ensino-aprendizagem. Já na segunda atividade situações-problema eram apresentadas e passava-se a um momento onde aos aplicar estudantes era dada a oportunidade de suas estratégias de raciocínio e interpretação de fenômenos. Desenvolveu-se uma análise de conteúdo à luz da compreensão epistemológica da Química tanto dos dados emergidos das atividades quanto das entrevistas. Num primeiro momento, os resultados vêm corroborar com a já alarmada ausência de reflexões epistemológicas nos cursos de formação inicial, responsável pela insistente ocorrência de concepções distorcidas de ciência e conhecimento científico identificadas ao longo da pesquisa. Uma análise mais cuidadosa, porém, traz à tona a contradição entre a concepção de ciência Química “vendida” nas universidades, depreendida da dificuldade apresentada pelos estudantes na construção do raciocínio abstrato e na discussão de sua importância, e as expectativas não correspondidas desses licenciandos. Assim, apesar de não conseguirem, de forma geral, estabelecer discussões aprofundadas acerca da epistemologia da Química, a maioria dos estudantes busca nas proposições em nível teórico-conceitual as bases para a melhor fundamentação (ou mesmo entendimento) dos fenômenos discutidos.