MENDES, Rafael Martins
O ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EM FOCO OS SUJEITOS DA APRENDIZAGEM
Uberlândia/MG, Universidade Federal de Uberlândia, UFU, 2013. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Fabio Augusto do Amaral).
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Resumo |
O presente trabalho propõe discutir o ensino de química na concepção da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Com o foco nos sujeitos da aprendizagem, buscamos desvelar seus interesses, anseios e expectativas. Para tanto, realizamos uma pesquisa de caráter qualitativo baseado nas Histórias de Vida de dez sujeitos da aprendizagem avaliando a escrita de um memorial e de entrevistas semiestruturadas para a triangulação dos resultados. Nesse caminho, consideramos que dar voz aos sujeitos da aprendizagem faz emergir suas especificidades, tempos e modos de aprendizagem, bem como coloca em evidência os modos de se relacionarem no mundo e com o mundo para a sua manutenção como sujeitos que se constroem nos tempos históricos. Empregamos Freire, como matriz epistemológica, para a compreensão das relações dos sujeitos da aprendizagem na sua vivência com as idas e vindas ao ambiente escolar. Identificamos que as situações-limites que promoveram a saída dos sujeitos da escola relacionam-se, principalmente à dedicação aos filhos, à procura por trabalho e por motivos pessoais. Em busca de melhores condições de vida e para conseguir um bom emprego, esses sujeitos retornam para a escola, como um ato-limite para superar os descompassos de sua escolarização. O acompanhamento das atividades nesta pesquisa permitiu-nos verificar como os sujeitos da aprendizagem começaram a construir seus inéditos-viáveis que se desvelam na conclusão de sonhos e desejos, como, por exemplo, estar apto a cursar uma faculdade. Observamos que a escola é um local de conflitos onde o trabalho é responsável tanto pela saída quanto o retorno desses sujeitos à sala de aula; além do mais, as mulheres acompanhadas maioria do universo da investigação manifestaram que seu retorno à escola é em prol da luta por sua dignidade e por melhores condições de trabalho com vistas à igualdade de oportunidades com relação aos homens. É nesse cenário que as aulas de química acontecem. Dos aspectos observados verificamos a dificuldade de compreensão da química por sua linguagem, seus símbolos e códigos. Essa dificuldade se desvela na compreensão dos fenômenos químicos, pois os aprendizes conseguem identificá-los, porém, não sabem explicá-los, mesmo após as atividades didáticas. Os interesses em química refletem aspectos que os sujeitos da aprendizagem conseguem destacar dentro de seu cotidiano, seja ele nas atividades diárias em casa, seja no próprio trabalho. Acreditamos que para a construção de um ensino de química significativo é necessário considerar esses interesses, o que de acordo com Freire contribuiria para a formação dos inéditos-viáveis e, neste particular, nas aulas de química. Dessa forma, poderemos compor estratégias didáticas que possam contribuir para a formação de um cidadão crítico e consciente das suas ações.
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