O ensino de estrutura atômica e de ligação química na escola de 2o grau: drama, tragédia ou comédia?

MORTIMER, Eduardo Fleury
O ensino de estrutura atômica e de ligação química na escola de 2o grau: drama, tragédia ou comédia?
Belo Horizonte/MG, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 1988. 2v. 408p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Luiz Otávio Amaral).

Resumo Investiga a situação atual e a evolução histórica do ensino de estrutura atômica e ligação química para a escola secundária. Utiliza como fontes de pesquisa livros didáticos, documentos históricos, artigos de periódicos, entrevistas com professores, respostas dos alunos a questões abertas da prova de Química do vestibular da UFMG e instrumentos de avaliação fornecidos por professores do 2o grau. A análise dos conteúdos veiculados pelos livros didáticos procura evidenciar: se a abordagem dos temas é feita segundo as teorias da Química Clássica ou segundo as teorias da Química Moderna; se há relação entre os modelos de estrutura atômica e ligação química e os fatos experimentais que lhes deram origem, bem como as propriedades físicas e químicas das substâncias; e se há um relacionamento entre teoria, fenômeno e linguagem química. Investiga, também, que influência os diversos movimentos pedagógicos tiveram sobre o ensino desses temas. Detecta a influência do positivismo, em relação ao século passado; do escolanovismo, em relação à década de 30; do movimento de renovação do ensino de ciências, em relação às décadas de 50 e 60; e da pedagogia tecnicista em relação à década de 70. Configura três períodos em relação à evolução do ensino de Química. O primeiro período, de meados do século passado até 1930, se caracterizava pela ausência da discussão sobre estrutura atômica e ligação química. O segundo período, de 1931 a 1970, caracteriza-se como um período de transição, aonde, paulatinamente, as teorias e modelos vão sendo mais valorizados, em detrimento dos fenômenos. As grandes questões, colocadas pelos diversos movimentos pedagógicos e pelas propostas inovadoras, não terão grande repercussão no ensino de massas, que continua tradicional e livresco. O terceiro período, de 1971 até os dias atuais, se caracteriza pela introdução dos modelos da mecânica ondulatória para a estrutura do átomo, geralmente com uma abordagem simplificada e muitas vezes parcial ou até incorreta. Para isso concorre, também, a pedagogia tecnicista, introduzida no bojo das questões de múltipla escolha e dos objetivos específicos dos vestibulares. A ênfase se desloca, agora, dos modelos e teorias, para a linguagem química. Os fenômenos são cada vez menos enfatizados e, no quadro negro do ensino tradicional, modelo e realidade se confundem.