MIZETTI, MARIA DO CARMO FERREIRA
O DESAFIO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NAS ESCOLAS INDÍGENAS DO RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre/RS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 2017. 85p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: MARIA DO ROCIO FONTOURA TEIXEIRA).
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Resumo |
A educação indígena, atualmente, tem sido motivo de estudo em todo o país, em decorrência do interesse dos órgãos responsáveis pelas políticas educacionais, bem como da Academia, em propor alternativas de ação para a melhoria contínua do processo de ensino e de aprendizagem nas escolas indígenas. Esta pesquisa investigou, sob a forma de estudo de caso, como está sendo desenvolvida a disciplina de Ciências nas escolas estaduais indígenas de ensino fundamental no Rio Grande do Sul. A metodologia adotada contemplou duas etapas: a pesquisa documental, isto é, o levantamento da legislação existente, no âmbito federal e estadual. E os dados oficiais junto ao Departamento de Planejamento (DEPLAN) da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC/RS) que abrangeram: número de professores indígenas e não-indígenas; número de escolas indígenas e de aldeias e sua localização espacial, distribuídas nas 7(sete) Mesorregiões do Estado e população estudantil. A segunda etapa se constituiu da pesquisa de campo junto às 9 (nove) escolas estaduais, de um universo de 91 (noventa e uma), selecionadas aleatoriamente, sendo 6 (seis) Kaingáng e 3 (três) Guarani. Os Instrumentos de coleta de dados foram entrevistas estruturadas, por meio de questionário; visitas; observação não participante e reuniões eventuais. Os dados obtidos junto aos professores, diretores, caciques e responsáveis por estas escolas, na Coordenadoria Regional de Educação (CRE), versaram sobre o uso do livro didático de Ciências fornecido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o papel da biblioteca escolar e do laboratório de Ciências no processo de ensino e de aprendizagem desta disciplina. A fundamentação teórica da pesquisa perpassou por autores que estudam a educação indígena no país, tais como: Bergamasch, Venzon, Meliá, Ferreira, Baniwa, dentre outros. Os resultados indicaram que: o ensino de Ciências em escolas estaduais indígenas é ministrado a partir do 6 (sexto) ano do ensino fundamental; os professores indígenas ou não-indígenas não utilizam o livro didático, elaborando seus próprios textos didáticos; a biblioteca escolar raramente é utilizada, quer no espaço físico ou o acervo; o laboratório de Ciências inexiste, na maioria das escolas; o ensino de Ciências está calcado na tradição oral e no conhecimento empírico, que estão diretamente ligados ao cerne da cultura indígena. Constatou-se um crescimento de 30% do número de escolas indígenas estaduais no período de 2011-2015, no Estado. Em 2011 havia 68 escolas em funcionamento e em 2015 este número cresceu para 89 escolas. Tal fato demonstra o interesse, da SEDUC/RS em ampliar as oportunidades de acesso à educação para a população indígena.
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