O Ato Criativo de comparar: um estudo das analogias elaboradas por alunos e professores de ciências

MOZZER, Nilmara Braga Mozzer
O Ato Criativo de comparar: um estudo das analogias elaboradas por alunos e professores de ciências
Belo Horizonte/MG, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2008. 210p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Rosária da Silva Justi).

Resumo As analogias são um recurso potencial do pensamento humano através do qual podemos adquirir novos conhecimentos ou modificar aqueles já existentes, possuindo, portanto um papel crucial na cognição humana. Nesse sentido, compreender como o raciocínio analógico se processa torna-se uma condição necessária para a compreensão de como o ser humano aprende. Apesar da importância desse conhecimento, existe pouca concordância na literatura das ciências cognitivas sobre esse tipo de raciocínio. Na perspectiva deste trabalho e no intuito de fornecer maiores esclarecimentos sobre o processo, assumimos as analogias como modelos que relacionam dois domínios análogos comparados: o familiar (domínio análogo) e o não familiar (domínio alvo). Compreendendo a noção de familiaridade como uma particularidade individual, este trabalho se propôs a investigar o estabelecimento do raciocínio analógico por professores e alunos como um processo criativo quando eles foram estimulados a criar suas próprias analogias e as explicarem. Para cumprir tal tarefa, realizamos entrevistas com alunos da oitava série do ensino fundamental, professores de Química e o professor de Física destes alunos, utilizando as técnicas do método clínico de Piaget. Essas técnicas se fundamentam em uma intervenção sistemática do pesquisador diante da conduta do sujeito para esclarecer o sentido de suas ações, explicações (ou ambas) em diferentes momentos da entrevista. O tema dessas entrevistas foi “ligação química”. Elas foram registradas em áudio e em vídeo e transcritas. A partir da interpretação dessas transcrições, construímos os dados que foram apresentados e analisados neste trabalho. Nossos dados ressaltaram, principalmente, a influência dos objetivos do sujeito durante todo o processo de criação das analogias e que o conhecimento saliente dos professores e alunos são determinantes no tipo de comparação estabelecida e no número de relações mapeadas. Uma possível implicação dessas constatações é o fato de que, ao permitir que os alunos elaborem suas próprias analogias e, com isso atuem como agentes na construção de seu próprio conhecimento, o professor pode obter informações sobre o conhecimento disponível ao aluno com relação ao assunto que almeja ensinar e, a partir daí, fundamentar suas ações.