SILVEIRA, Marcelo Pimentel da
Literatura e Ciência: Monteiro Lobato e o Ensino de Química
São Paulo/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2013. 297p. Tese de Doutorado. (Orientador: Joao Zanetic).
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Resumo |
O trabalho propõe investigar o potencial pedagógico que pode existir entre a literatura e a ciência a partir do estudo de Monteiro Lobato e o ensino de química. Para isso nos fundamentamos nos referenciais teóricos que têm subsidiado as recentes pesquisas sobre literatura e ciência e as contribuições que as mesmas têm trazido para o ensino de ciências. A pesquisa focou três eixos principais: a literatura como possibilidade de humanizar a ciência, a aproximação que existe entre a imaginação artística e a científica e os \"escritores com veia científica\". Buscamos identificar os referidos eixos por meio de três importantes personagens da obra infantil de Monteiro Lobato, que distintamente, incorporam a ciência em suas falas: Dona Benta, Emília e o Visconde de Sabugosa. Também investigamos a \"veia pedagógica\" do escritor que permitiu uma aproximação com a pedagogia de Paulo Freire, uma vez que foi possível identificar a curiosidade, o diálogo, a problematização e a dúvida como pressupostos pedagógicos e metodológicos presentes nas abordagens feitas por Dona Benta, principalmente no livro Serões de Dona Benta. Realizamos a leitura de praticamente toda a obra infantil de Monteiro Lobato que demonstrou possuir um potencial pedagógico possível de ser explorado no ensino de química por meio da problematização de questões sobre a ciência e o ensino e aprendizagem de conceitos químicos. A partir da pluralidade de sentidos que as personagens e o texto literário podem dar à ciência, acreditamos que o trabalho contribui para mostrar que a interação entre literatura e ciência pode ser uma alternativa à promoção da leitura literária e cultural no processo de formação inicial do professor de química. Os textos literários e os de Lobato, em particular, podem facilitar a elaboração de abordagens didáticas que insiram o conhecimento científico em uma realidade complexa de relações que transcendam o conhecimento específico da química, permitindo ao professor a percepção de que a ciência mantém uma multiplicidade de relações com outras áreas do conhecimento.
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