RAMOS, TATIANA COSTA
Influência da criação e crítica de analogias por estudantes de Química do Ensino Médio na promoção de interações argumentativas
Ouro Preto/MG, UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, UFOP, 2017. 179p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: PAULA CRISTINA CARDOSO MENDONCA).
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Resumo |
As contribuições da argumentação e das analogias na expressão de ideias dos estudantes, no entendimento conceitual e na negociação de significados são aspectos destacados nas pesquisas que discutem essas práticas epistemológicas no Ensino de Ciências. Destacam também que, desenvolvimento de ambientes que favoreçam a argumentação em sala de aula demandam condições favoráveis para que os estudantes tenham oportunidades de se envolverem em processos dialógicos de comunicação. Neste trabalho, partimos da hipótese de que a criação e crítica de analogias pelos estudantes poderia propiciar o desenvolvimento desses ambientes. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é analisar se e como a criação de analogias pelos estudantes pode fomentar ambientes argumentativos. Desenvolvemos uma Unidade Didática (UD) sobre os modelos atômicos de Dalton e Thomson que visa estimular ambientes argumentativos a partir de textos com informações históricas e solicitações interativas que convidam os estudantes a auxiliar os cientistas Dalton e Thomson na comunicação de suas ideias a partir da criação de analogias. A pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública e a coleta de dados ocorreu em uma turma de primeiro ano do ensino médio. A UD foi desenvolvida em 10 horas/aulas, todas elas foram registradas em áudio e vídeo, sendo que a pesquisadora atuou como participante do cenário de ensino. Para a análise de dados assistimos todos os vídeos e transcrevemos os momentos em que ocorreram interações comunicativas. Posteriormente, selecionamos as interações argumentativas, e para tal utilizamos o modelo de possibilidades de interações argumentativas do autor Baker. Desenvolvemos um estudo de caso para um dos grupos de estudantes da turma pesquisada. O estudo indicou que a criação e crítica de analogias pelos estudantes favoreceu a argumentação deles na medida em que eles buscavam por comparações que expressassem de forma coerente os conceitos científicos. Isso porque, para selecionar as comparações eles buscavam por informações no texto, com os pares e com a professora/pesquisadora sobre o conceito para argumentar contra ou a favor das mesmas. As interações argumentativas vivenciados pelos estudantes permitiram a construção de ideias e representações cada vez mais coerentes sobre os conceitos estudados. Percebemos que as explicações co-construídas nos processos argumentativos também foram importantes na aprendizagem dos estudantes porque elas permitiam que a professora e a pesquisadora acessassem as ideias deles e agissem no sentido de (re)orientar aquelas visões. Observamos que os fundamentos dos argumentos dos estudantes eram influenciados pelo tipo de comparação que era estabelecida por eles. Isso porque, quando os estudantes elaboravam comparações que permitiam inferir correspondências de relações de similaridade entre os dois domínios, seus argumentos eram fundamentados em justificativas baseadas em conhecimentos mais abstratos sobre o conceito alvo, expressando um melhor entendimento sobre o mesmo. Finalmente, ressaltamos que o modelo e as proposições do autor Baker sobre argumentação demonstraram ser potencialmente uteis na análise da argumentação e da aprendizagem dos estudantes em nosso contexto de ensino, por isso julgamos que tal referencial possa ser produtivo em outros contextos que objetivam analisar a argumentação na perspectiva social de aprendizagem
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