Histórias de constituição e ambientalização de professores de química em rodas de formação em rede: colcha de retalhos tecida em partilhas (d)e narrativas.

SOUZA, Moacir Langoni de
Histórias de constituição e ambientalização de professores de química em rodas de formação em rede: colcha de retalhos tecida em partilhas (d)e narrativas.
Rio Grande/RS, Universidade Federal do Rio Grande, FURG, 2010. 184p. Tese de Doutorado. (Orientador: Maria do Carmo Galiazzi).

Resumo A Tese defendida é das Rodas de Formação em Rede como espaços privilegiados na ambientalização de professores que escrevem, lêem e contam suas histórias. Daí a aposta na narrativa e no exercício de contar histórias e partilhá-las nessas Rodas. No contexto dessas histórias encontram-se grupos de professores de Ciências de três instituições (PUCRS, Unijuí e FURG), atuando em projetos interinstitucionais de formação permanente. No foco das análises estão as narrativas de um grupo de licenciandos que, no ano de 2004, ingressou no curso de Química – Licenciatura da FURG. Doze conjuntos de quinze narrativas semanais, parte dos relatórios dos estágios realizados pelo grupo durante o segundo semestre de 2007 – Roda do Estágio V. Fragmentos destas narrativas entrecruzam-se com outros, nossos e de outros professores na rede, compondo histórias que constituem e delineiam a feitura de uma Colcha de Retalhos. E é nesse processo que toda a rede se explicita. Quadrados de colcha feitos de uma diversidade de retalhos. Histórias de muitos sujeitos, numa multiplicidade de cores e texturas, alinhavadas na busca do equilíbrio que possa, de certo modo, sustentar a Tese. Ao longo dos capítulos, termos como “ambientalização de professores” e “partilha”, fundamentais no encaminhamento dos argumentos, são discutidos nas perspectivas dos referenciais assumidos. Em alguns capítulos alternam-se retomadas de determinadas abordagens, ampliando aspectos destacados ou introduzindo outros, como o que vai contar a história do curso de licenciatura em Química e suas transformações concebidas e acalentadas nos projetos interinstitucionais no âmbito da Rede. Esta história encontra-se enredada na história da Rede, especialmente no sentido da explicitação de movimentos de grupos de professores de Ciências que, desde a década de 80, articulam parcerias no desenvolvimento de projetos interinstitucionais implicados com formação permanente de professores. As análises sustentam-se em dois referenciais: o da Análise Textual Discursiva proposta por Moraes e Galiazzi (2007), em que se busca produzir novas compreensões a respeito do que é narrado e apostando na emergência de categorias, num movimento interpretativo de caráter hermenêutico; e o da narrativa como uma técnica de pesquisa fenomenológica, tal como propõe Dutra (2002). Categorias emergentes, como “tempos da Escola” e “insegurança”, impregnam cinco histórias – quadrados da Colcha – contadas, constituídas numa diversidade de fragmentos/retalhos de narrativas. Por um lado, as memórias do acontecido, as narrativas nos Relatórios de Estágio e as anotações dos encontros efetivamente subsidiaram os textos e sustentaram diálogos; por outro, assume-se a perspectiva de fusão entre história e ficção, na perspectiva do proposto por Paul Ricoeur, uma vez que o enredo e o espaço-tempo de cada história e seus episódios foram inventados. A proposta aqui é contar um pouco destas histórias. “E estas foram histórias que se quis e que se pôde contar” é a frase que encerra a escrita da Tese. É uma manifestação que anuncia. Assume-se que sempre há possibilidades para outros arranjos dos retalhos, outros desenhos na feitura da Colcha. E como a harmonia do conjunto é, também, estabelecida em relação com o Outro, cujo olhar amplia essas possibilidades em relação à feitura, esta Tese é um convite à partilha de histórias.