Fontes de energia: usos e consequências: proposta de material didático para o ensino de Química

FERREIRA, Luciana Nobre de Abreu
Fontes de energia: usos e consequências: proposta de material didático para o ensino de Química
São Carlos/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2009. 207p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Salete Linhares Queiróz).

Resumo A utilização de textos de divulgação cientifica no ensino formal tem sido discutida por pesquisadores da área de educação em ciências. Tais discussões sugerem que esses textos podem funcionar como instrumento de motivação em sala de aula, organizando explicações e estimulando debates de modo a ampliar o universo discursivo dos estudantes. Nesta perspectiva, foi aplicada uma proposta de ensino pautada no uso de textos extraídos do livro de divulgação cientifica Tio Tungstênio: Memorias de uma Infância Química, de Oliver Sacks. O objetivo da proposta foi investigar o funcionamento de tais textos, a produção de sentidos por eles proporcionada e suas contribuições para o ensino superior de química. A proposta, que envolveu a produção de textos e elaboração de perguntas pelos alunos sobre conteúdos presentes no livro, foi aplicada em uma disciplina oferecida a estudantes de graduação em química. Os dados obtidos foram analisados segundo a Analise do Discurso de linha francesa, como tem sido divulgada por Eni Orlandi, especialmente as noções de tipologia do discurso e autoria. A analise dos resultados com relação a tipologia revelou, nas questões formuladas pelos alunos, deslocamentos do discurso pedagógico, predominantemente autoritário, para um discurso polemico. Quanto a autoria, na produção dos textos, foi percebida a utilização de três tipos de repetição - empírica, formal e histórica. A maioria dos alunos fez uso da repetição histórica, tipo de repetição que indica o posicionamento dos alunos como autores de seus textos. A analise dos resultados indicou que os textos de divulgação cientifica funcionaram como mediadores para a colocação de posicionamentos incomuns em aulas tradicionais do ensino superior de química, o que sugere a viabilidade da proposta neste nível de ensino.