Experimentação, modelos e analogias no ensino da deposição metálica espontânea: uma aproximação entre Paulo Freire e aulas de Química

JR, Wilmo Ernesto Francisco
Experimentação, modelos e analogias no ensino da deposição metálica espontânea: uma aproximação entre Paulo Freire e aulas de Química
São Carlos/SP, Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Educação, 2008. 100p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Dácio Rodney Hartwig).

Resumo As analogias aparecem em diversas situações do dia-a-dia e freqüentemente configuram-se como uma tentativa de explicação ou compreensão de algo desconhecido a partir de algo conhecido. É praticamente impossível dissociar o pensamento humano do raciocínio analógico. O pensamento analógico possui tanto efeitos afetivos quanto efeitos cognitivos. Outrossim, as analogias são comumente empregadas pelos professores de Ciências além de terem influído grande parte da construção do conhecimento científico. Basicamente as analogias adquirem duas funções: inferencial e comunicativa. As analogias podem ser aqui entendidas como o primeiro passo de um processo cognitivo pelo qual, a partir da identificação de aspectos similares entre dois eventos, torna-se possível fazer inferências e predições a respeito de aspectos não correspondentes entre ambos. As analogias também podem ser distinguidas enquanto sua função comunicativa, constituindo-se em um instrumento para facilitar deliberadamente a compreensão de um conceito a alguém. As analogias encontram-se também no cerne da idéia de modelos. Todo modelo é uma representação de algo e estabelece uma relação analógica. Portanto, analogias e modelos são conceitos indissolúveis um do outro. O presente trabalho discute um modelo analógico elaborado e aplicado para o ensino do conceito de deposição metálica espontânea. O plano de ensino foi dividido em quatro partes: (i) apresentação do modelo analógico; (ii) apresentação e problematização do experimento de deposição metálica espontânea; (iii) problematização do modelo analógico e (iv) avaliação. Cada uma das quatro etapas foram conduzidas numa perspectiva problematizadora. Os dados foram coletados por meio de questionários e observações em sala de aula. No que tange à aprendizagem, os dados indicaram um bom entendimento dos aspectos qualitativos do fenômeno por parte dos estudantes. Onze de quinze alunos consideraram em suas representações os principais aspectos microscópicos, a se destacar a dinamicidade do processo, a solubilização do metal da lâmina e a precipitação do metal da solução após a reação. Em relação aos aspectos quantitativos, todos os estudantes resolveram o problema mais simples. Para a resolução de todos os problemas numéricos deveria se considerar a dinamicidade do processo, caso contrário a solução alcançada seria incorreta. O problema mais complicado foi resolvido corretamente por apenas um dos estudantes. Tal fato pode ser explicado pela falta de compreensão e interpretação do enunciado do problema. De um modo geral, os estudantes apresentaram boa receptividade ao modelo analógico desenvolvido e mostraram grande participação nas atividades desenvolvidas, o que resultou em uma boa aprendizagem. A maior dificuldade apresentada foi relacionada aos aspectos quantitativos, sobretudo devido às habilidades matemáticas e a capacidade de interpretação dos problemas um pouco mais complexos. A instituição da supervisão de ensino e a municipalização em valinhos: tensões, conflitos e incertezas.