ALVINO, Antônio César Batista
Estudos sobre a educação para as relações étnico-raciais e a descolonização do currículo de química
GOIÂNIA/GO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, UFG, 2017. 103p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Anna Maria Canavarro Benite).
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Resumo |
Este estudo propõe o debate sobre a descolonização do currículo de Química considerando que a América é um continente que teve sua formação social e cultural fundada no trabalho escravo (indígena e africano). A escola, como microcosmo dessa sociedade, também omite essas presenças em seus currículos. Defendemos que a melhor educação possível é aquela que assegura os direitos de todos (colonizadores e colonizados). Todavia, o currículo escolar brasileiro prioriza a cultura do colonizador, ou seja, o ensino de Química é pautado na cultura europeia. Nessa investigação propomos intervenções pedagógicas preocupadas com um currículo que se comprometa com o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes na compreensão da organização, das transformações, da estrutura e propriedades da matéria e compreenda a complexa realidade sociorracial do Brasil. Os resultados empíricos apresentados nesta dissertação foram coletados em uma disciplina de Química Experimental que foca na descolonização do currículo. Essa disciplina teve a finalidade de fazer o deslocamento epistêmico do currículo de Química, trabalhando na temática da lei 10.639/03. São apresentados nos resultados empíricos de três intervenções pedagógicas desenvolvidas na disciplina, entre eles 8 extratos do discurso produzido (biocombustíveis, aquecimento global, racismo/ideologia do branqueamento, tensão superficial e limpeza dos corpos) conforme a temática de cada aula. Nossos resultados mostram possibilidades de ensinar Química a partir de uma matriz epistêmica afrocentrada. Os resultados apontam para a necessidade de se pensar, no interior das salas de aulas, a relação entre a construção do conhecimento químico e as relações sociorraciais, e como essas favorecem o desenvolvimento dos estudantes.
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