HIPÓLITO, Aline Fernandes
Estudo Da Contextualização Em Provas De Química: Um Olhar Sobre O Vestibular Da Universidade Federal De Uberlândia E O Exame Nacional Do Ensino Médio
Uberlândia/MG, Universidade Federal de Uberlândia, UFU, 2012. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Hélder Eterno da Silveira).
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Resumo |
Este trabalho apresenta uma análise qualitativa e quantitativa de cunho documental, das questões de química do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no período de 2.001 a 2.010. Após mapeamento das provas e montagem de um banco de dados, analisamos o material enfocando quais as abordagens contextuais que incidiam nas questões de química, bem como os possíveis tangenciamentos interdisciplinares e transversais. Utilizamos vários autores para fundamentação de nossas discussões, que buscam investigar: Como as abordagens contextuais estão dispostas nas questões de química do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e no Exame Nacional do Ensino Média (Enem)? Qual foco, temática e interesse revelam essas abordagens e como elas se relacionam com o conteúdo químico presente nesses processos? Para tal, dividimos a análise em algumas partes, em que observamos, inicialmente, a relação entre fenômeno, teorias e representações químicas, buscando entender como emerge o conhecimento químico a partir da estrutura do conhecimento científico, correlacionando, assim, os níveis da química e as relações que envolvem os eixos constitutivos fundamentais: as transformações químicas, os materiais e suas propriedades e os modelos explicativos. Procuramos, ainda, a presença ou não da interdisciplinaridade e da transversalidade, e as possíveis influências delas nas questões de química, além da presença de algumas outras abordagens contextuais que poderiam fazer parte dessas questões. Os resultados obtidos indicam um predomínio de questões de Química Geral (Q.G.), o que mostra que ambos os exames selecionam alunos que tenham uma visão mais ampla dos conhecimentos químicos, mas que dominem bem as competências que compõem cada uma das provas. Entretanto, ao detalharmos a análise acerca de como emerge o conhecimento químico a partir da estrutura do conhecimento científico, notamos que as questões, tanto do vestibular da UFU, como do Enem, fazem referência aos níveis e aos eixos constitutivos da química, todavia, de maneira um pouco diferente. O Enem apresenta tanto os níveis como os eixos constitutivos de maneira isolada, prejudicando assim, a construção dos saberes por parte dos alunos. Já o vestibular da UFU consegue mesclar mais os níveis dentro das questões, trabalhando também os eixos de maneira menos desfragmentada, o que pode ajudar na construção dos conhecimentos químicos. Investigamos também a contextualização de maneira mais especifica, tentando encontrar em tais provas a presença de pelo menos algumas formas de contexto, que certamente serviriam para enriquecer as questões. Entretanto, ambos os exames trazem as relações tecnológicas, sociais e ambientais, como mera ilustração das teorias e conceitos científicos. Quando pensamos nas relações com o cotidiano e a experimentação, esse cenário é um pouco diferente, pois ambas as abordagens contextuais só aparecem em grande parte das questões dos dois exames, quando da realização posterior do início do Novo Enem. Avaliamos ainda a presença, tanto da interdisciplinaridade, como da transversalidade e as possíveis influências delas nessas questões, o que fica explicito e ratificado no Enem, que apresenta uma série de questões transversais, principalmente acerca do tema Meio Ambiente. O tema Saúde também apareceu em algumas questões, porém em menores proporções. A interdisciplinaridade também ficou evidente em várias questões do Enem, o que deixa claro a preocupação do exame de correlacionar os conteúdos, introduzindo os candidatos a mobilizarem conhecimentos plurais no campo da química. Entretanto, quando observamos as questões de química do vestibular da UFU, não conseguimos encontrar questões transversais, nem interdisciplinares, o que nos impossibilitou um estudo mais detalhado do tema, neste processo seletivo. Desse modo, percebemos que ambos os exames apresentam pontos positivos e negativos, quanto às questões de química. Entretanto, as abordagens contextuais aparecem, sutilmente, nos dois processos seletivos, principalmente, na análise feita nos últimos anos. Tal fato pode evidenciar que algumas mudanças estão ocorrendo nessas provas e as abordagens contextuais estão se tornando prioridade na elaboração dessas questões, o que poderá ajudar em uma maior aproximação dos conhecimentos químicos atrelados à vida dos alunos.
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