LARA, Moisés da Silva
Elaboração de significados com analogias em atividades na sala de aula de química.
Curitiba/PR, Universidade Federal do Paraná, UFPR, 2014. 228p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Jackson Gois da Silva).
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Resumo |
Neste trabalho nós realizamos um estudo das analogias e metáforas utilizadas na disciplina de Química do Ensino Médio, iniciando pela abordagem do contexto em que têm se desenvolvido as pesquisas sobre o uso dessas relações analógicas, o qual apresenta diversas metodologias que buscam potencializar o seu uso como facilitadoras da aprendizagem. Dentre estas, nós destacamos a TeachingWithAnalogies (TWA), a Metodologia de Ensino Com Analogias (MECA) e o Modelo Didático Analógico (MDA), bem como as principais concepções de ensino e aprendizagem que influenciaram estas pesquisas, como o Modelo de Mudança Conceitual, a Teoria dos Modelos Mentais e a epistemologia bachelardiana. Constatamos que não há uma definição consensual para as relações analógicas tampouco, em relação aos objetivos, potencialidades ou problemas relativos ao seu uso no Ensino de Ciências. Assim, nós buscamos um novo direcionamento para compreendê-las a partir de uma concepção de aprendizagem sob uma perspectiva da linguagem fundamentada nas concepções bakhtinianas e wittgensteinianas. Dessa forma, nós elaboramos uma sequência didática para o estudo da Classificação e das Propriedades Periódicas, a qual foi realizada a partir de fragmentos de textos literários, um artigo científico e livros didáticos de química que usam as relações analógicas como recurso didático. Essas atividades foram desenvolvidas com estudantes do Ensino Médio, em um colégio pertencente a uma rede particular de ensino na cidade de Curitiba. A execução das atividades ocorreu ao longo de um bimestre durante o qual realizamos diversas gravações em áudio e vídeo, bem como, fotocopiamos as atividades escritas, as quais foram utilizadas na constituição dos dados desta pesquisa, cuja análise se deu em duas etapas, sendo que a primeira buscou identificar, como as relações analógicas são apresentadas aos estudantes e, se são tomados os devidos cuidados para facilitar o entendimento e evitar compreensões inadequadas. Na segunda etapa, nós desenvolvemos categorias de análise fundamentadas no estudo da linguagem, para investigar como os estudantes utilizam as relações analógicas e qual a importância destas para o seu aprendizado, confrontando esses resultados com os da primeira etapa. Assim, constatamos que quando se dá uma maior atenção à linguagem, permitindo que os estudantes interajam e se expressem mais sobre os conteúdos estudados, sobretudo oralmente, o temor bachelardiano de que as analogias e metáforas substituam o conhecimento não se concretiza, porque à medida que os estudantes compreendem melhor os significados daquilo que é estudado, eles abandonam gradativamente o uso das relações analógicas e passam a utilizar um discurso mais próximo da linguagem científica. Portanto, concluímos que o uso das relações analógicas nas condições aqui apresentadas favoreceu o aprendizado e, que os problemas apontados por diversas pesquisas da área se devem principalmente às características da linguagem que não sendo lógica nem objetiva, torna a elaboração de significados dependente do contexto no qual é utilizada. Tais constatações sugerem uma nova perspectiva para o estudo das relações analógicas com potencial para a produção de resultados práticos a serem aplicados no Ensino de Ciências.
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