CUSTODIO, RENATO DA SILVA
DA CHIMICA EUROPEIA À QUÍMICA NO BRASIL: CAMINHAR HISTÓRICO DE UMA DISCIPLINA (1750-1890)
Florianópolis/SC, Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2017. 210p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: ADEMIR VALDIR DOS SANTOS).
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Resumo |
Este estudo apresenta elementos sobre a constituição histórica da Química como disciplina escolar. Parte de componentes oriundos da Química europeia, com foco em Portugal, até a inclusão dessa disciplina no Brasil, em um período de 1750 até 1890. Em 1750, Dom José I nomeia o Marquês de Pombal, que empreende reformas educacionais, gerando uma reorganização na educação portuguesa e de suas colônias. Já o ano de 1890 é relacionado a diversas reformas educacionais no Brasil: a Reforma Couto Ferraz (1854), a Reforma Leôncio de Carvalho (1879) e a Reforma Benjamin Constant (1890). A pesquisa apresenta os seguintes objetivos: Caracterizar aspectos históricos que constituem uma trajetória de institucionalização da disciplina de Química no Brasil, notadamente para a escola secundária; Discutir elementos didático-pedagógicos, curriculares e de docência da disciplina de Química. A metodologia está embasada em uma pesquisa bibliográfica e documental e apresenta as seguintes fontes: Compêndio Histórico da Universidade de Coimbra (1771), Estatuto da Faculdade de Filosofia de Coimbra (1772), A Instrução e o Império - Subsídios para História da Educação no Brasil (1823-1853) (MOACYR, 1936), Elementos de Chimica (TELLES, 1788) e Relatórios de Presidência de Província de Santa Catarina. A análise das fontes foi realizada através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977) e mediante referenciais do campo da História da Educação que caracterizam práticas pedagógicas relacionadas à disciplina de Química. Os resultados evidenciam uma origem da disciplina na segunda metade do século XVIII, institucionalizada nos Estudos Superiores de Portugal, voltada aos estudos da Medicina e da Filosofia na Universidade de Coimbra, caracterizados por aulas expositivas e atividades experimentais. No Brasil, no século XIX, a disciplina de Química é inserida primeiramente em instituições de ensino superior, estando vinculada a interesses econômicos de desenvolvimento, como a mineralogia e a medicina. No ensino secundário a disciplina é ratificada nos programas de ensino do Colégio de Pedro II, apresentando um conteúdo que se iniciava com definições básicas da Química até a Química Orgânica. Os livros utilizados para o ensino da Química eram de origem francesa, indicando a reprodução do modelo curricular francês que incorporou conteúdos científicos. Na Província de Santa Catarina constata-se a inserção da disciplina de Química em dois momentos: no projeto curricular do Colégio de Bellas Letras, em 1850; no currículo do Liceu Provincial e ainda num pedido de materiais para montagem de um laboratório, ambos datados de 1859. Conclui-se que a disciplina de Química, em sua vertente portuguesa produzida no século XVIII, chegou ao Brasil durante o século seguinte, sendo introduzida inicialmente em instituições de nível superior e, posteriormente, no ensino secundário, neste caso sob influência de modelos curriculares franceses. A trajetória histórica de constituição da Química como disciplina escolar foi, depois disso, nutrida pela sua presença na escola secundária como conteúdo necessário para o acesso ao ensino superior.
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