Construindo relações de inclusão/exclusão na sala de aula de química: histórias sociais e singulares

GOMES, Maria de Fátima Cardoso
Construindo relações de inclusão/exclusão na sala de aula de química: histórias sociais e singulares
Belo Horizonte/MG, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Educação, 2004. 230p. Tese de Doutorado. (Orientador: Eduardo Fleury Mortimer).

Resumo Esse trabalho é fruto de pesquisa realizada nos anos 2000 e 2001, em salas de aula de química, em uma escola federal e em uma escola particular, do ensino médio. Nosso interesse esteve voltado para compreender as relações de inclusão/exclusão que marcam os processos de ensino-aprendizagem de estudantes do Ensino Médio relativos aos conhecimentos químicos. É uma pesquisa que analisa processos de construção de sentidos, do aprender na escola, do aprender química na escola por parte dos estudantes, analisa, portanto histórias de inclusão e exclusão construídas nas interações e ações das salas de aula de química. Dois foram os potenciais de inclusão/exclusão nas duas salas de aulas, tais como: o que contou como conhecimento químico e a proposta pedagógica que envolveu falar com e sobre a química e a organização das salas em pequenos grupos. A organização das salas em pequenos grupos de trabalho mostrou ser o fator de inclusão mais forte do ponto de vista dos estudantes, ou seja, o aspecto da proposta pedagógica que realmente transformou-se num fator inclusivo de todos os alunos das duas salas. Essa pesquisa trouxe o tema da inclusão junto com o da exclusão por considerarmos que são temas pertencentes aos dois lados de uma mesma moeda. Além disso, não tratamos a inclusão abstratamente, mas, como histórias de inclusão e de exclusão, trazendo as histórias escolares de nove estudantes pertencentes às salas de aulas de química das duas escolas pesquisadas. Trabalhamos, então, considerando as singularidades de cada um dos nove estudantes, singularidades que foram construídas nos grupos sociais aos quais os alunos pertencem considerando-se o gênero, a etnia/raça, a classe social e as histórias escolares de cada um deles. Fizemos quadros contrastivos entre pares de estudantes com base nos dados colhidos por meio de entrevistas, questionários e interações e ações das salas de aulas e pudemos concluir que isoladamente, nem o gênero, nem a etnia/raça, a classe social e as histórias escolares explicaram os processos de inclusão/exclusão. Existem questões relativas às singularidades dos sujeitos da pesquisa que ainda necessitam ser melhor compreendidas por nós, pesquisadores em educação.