Comunidade disciplinar de ensino de química na produção de políticas curriculares para o ensino médio no Brasil

ABREU, Rozana Gomes de
Comunidade disciplinar de ensino de química na produção de políticas curriculares para o ensino médio no Brasil
Rio de Janeiro/RJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, 2010. 206p. Tese de Doutorado. (Orientador: Alice Casimiro Lopes).

Resumo Esta pesquisa focaliza o estudo das políticas curriculares para o nível médio de ensino; no que diz respeito aos sentidos produzidos pela comunidade disciplinar de ensino de Química para as políticas desenvolvidas no contexto da reforma da educação básica no Brasil. Nessa investigação; defendo a utilização da abordagem do ciclo de políticas proposto por Stephen Ball; por permitir analisar a produção dos sentidos em jogo no processo político; bem como a ação epistêmica dos participantes desse processo. Considero que a comunidade disciplinar de ensino de Química configura-se como uma comunidade epistêmica local; pois suas principais lideranças participam da negociação dos sentidos que influenciam as políticas; tentando estabelecer assim uma relação hegemônica. Defendo ainda; com base em Ernesto Laclau; que a investigação das políticas de currículo deve considerar as articulações contingentes e provisórias que se formam em torno dos conflitos; das lutas e das demandas dos sujeitos que participam do ciclo de políticas. Para a pesquisa; foram selecionados textos curriculares não-oficiais produzidos pelas principais lideranças da comunidade disciplinar de ensino de Química em diferentes contextos da área de ensino da disciplina - eventos; veículos de divulgação; livros didáticos; entrevistas -; além dos textos curriculares da reforma do ensino médio elaborados pelo MEC. A análise desses textos aponta para a questão de que os discursos curriculares da comunidade; na tentativa de se tornarem hegemônicos; privilegiam os discursos sobre a contextualização; a interdisciplinaridade; a formação para a cidadania; o conhecimento químico escolar e a relação entre pesquisa e prática docente; por estes ampliarem os sentidos defendidos pela comunidade. Na negociação dos sentidos desses discursos formam-se ambivalências; resultantes das recontextualizações por hibridismos que acontecem na complexidade do processo político; que colaboram para a busca da hegemonia pretendida nas articulações da comunidade.