Avaliação da Aprendizagem em Química: concepções de ensino-aprendizagem que fundamentam esta prática

TACOSHI, Marina Miyuki Akutagawa
Avaliação da Aprendizagem em Química: concepções de ensino-aprendizagem que fundamentam esta prática
/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2008. 216p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Carmen Fernandez).

Resumo A avaliação possui um papel importante no processo de ensino-aprendizagem e sua prática deveria estar de acordo com os objetivos educacionais, contribuindo assim na sua obtenção. A avaliação das aprendizagens tem reconhecida capacidade de modificar o currículo, daí a importância do seu estudo. A forma como a avaliação se organiza e se desenvolve não é independente das concepções de ensino-aprendizagem apresentadas pelo professor e pode ter influência na representação que os alunos fazem da ciência e na aprendizagem da ciência. Neste trabalho, apresentamos o resultado de um estudo de caso realizado com dez professores de Química em exercício, atuantes em escolas públicas e particulares e também participantes do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências da Universidade de São Paulo. Nossos dados estão baseados em entrevistas semi-estruturadas realizadas com estes professores e análises de documentos desenvolvidos pelos professores e suas respectivas escolas, a saber: planejamento de ensino anual, projeto político pedagógico e avaliações. As respostas às entrevistas foram categorizadas e relacionadas a modelos didáticos conforme descritos na literatura por: transmissão/assimilação, descobrimento e construtivista. Os projetos políticos pedagógicos e os planejamentos foram categorizados de acordo com a literatura em ênfase em Educação Geral e em Química e, dentre estas, ainda em sub-categorias. As provas elaboradas pelos professores foram categorizadas em produtivas e reprodutivas, utilizando características descritas na literatura. As concepções de ensino-aprendizagem inferidas dos discursos dos professores, bem como as concepções expressas nos documentos que definem suas práticas (planejamentos de ensino e projetos políticos pedagógicos) mostram-se bastante coerentes com as direções sugeridas pelas reformas curriculares, expressando modelos de ensino centrados no aluno, e enfatizando aspectos relacionados à valorização do desenvolvimento dos estudantes e do processo de aprendizagem. Nosso estudo revela, entretanto, que as ações em sala de aula, ao menos no que se refere ao processo de avaliação, contrastam com tais idéias. A análise sistemática dos objetivos e da metodologia do processo avaliativo utilizada pelos professores investigados revela-se coerente com uma prática de ensino centrada no conteúdo químico e voltada principalmente à transmissão/assimilação e sugerem que a avaliação praticada pelos professores tem um papel predominantemente certificativo. Tal contradição pode comprometer a representação de ciência e como se aprende ciência, uma vez que, por este modelo de transmissão, a nota da prova e o que se solicita nela servem de referencial para o aluno. A compreensão das funções que a avaliação pode assumir não ocorre espontaneamente sendo necessário a intervenção através de formação contínua, onde se faça a correlação entre a concepção de ensino-aprendizagem, o modelo didático a ser empregado e a avaliação da aprendizagem mais adequada.