CICUTO, Camila Aparecida Tolentino
ANÁLISE DE UM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM CENTRADO NO ALUNO PARA ENSINAR BIOQUÍMICA
/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2016. Tese de Doutorado. (Orientador: Bayardo Baptista Torres).
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Resumo |
No ensino centrado no aluno, o foco da instrução é transferido do professor para o estudante. O objetivo desta pesquisa foi verificar os efeitos do ambiente proporcionado em uma disciplina de Bioquímica para expectativas, motivação, estratégias de aprendizagem, avaliação da eficiência do ensino, participação, frequência e desempenho. Nesse cenário, são utilizadas duas principais dinâmicas: período de estudo (PE) e grupo de discussão (GD). A coleta dos dados envolveu a aplicação de questionários, testes de desempenho e entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados reuniu as abordagens quantitativa e qualitativa. Os resultados obtidos para expectativas e atendimento das expectativas mostraram predomínio do nível mais alto da escala de Likert para todas as afirmações sobre aspectos gerais e método de ensino. A comparação entre estes instrumentos indicou que a maioria dos alunos teve suas expectativas atendidas ou superadas na disciplina de Bioquímica. Além disso, verificou-se que as expectativas para carga de trabalho foram maiores do que a carga de trabalho percebida e as expectativas de desempenho também foram maiores do que o desempenho efetivo na disciplina. Os resultados sobre motivação indicaram que a disciplina contribuiu para os alunos apresentarem valores altos para motivação intrínseca, autoeficácia, estratégias de aprendizagem ativa e valor da aprendizagem científica. Adicionalmente, verificou-se que os alunos estavam mais ou igualmente motivados na disciplina de Bioquímica quando em comparação a outras disciplinas do primeiro ano. Os padrões obtidos evidenciam o papel do PE e GD para estimular a participação ativa e autônoma dos alunos e contribuir para que eles se mantivessem motivados e engajados no processo de ensino-aprendizagem. Em relação às estratégias de aprendizagem, os resultados indicaram que as estratégias colaborativas foram efetivas para aprender Bioquímica: foram frequentes e tiveram avaliação positiva as estratégias de explicação para o grupo e discussão. As respostas sobre a eficiência do ensino mostraram que 80% dos estudantes acharam que o ensino foi eficiente. Nos resultados sobre a participação e frequência verificou-se que a maioria indicou altos valores para essas variáveis, porém mais de 25% assinalaram participação menor ou igual a 5 (escala 1-10) e 32% apresentaram número elevado de faltas. Este é um dado relevante porque a falta em uma disciplina com método ativo exclui a oportunidade de colaborar com os pares. A principal justificativa para a baixa assiduidade foi a sobrecarga de trabalho gerada por outras disciplinas. Em relação ao desempenho, 37% dos estudantes foram reprovados, porcentagem maior do que em anos anteriores. Para entender os motivos que resultaram no desempenho insatisfatório, comparou-se os grupos de aprovados e reprovados em função das variáveis investigadas nesta pesquisa. Os resultados revelaram que os estudantes que tiveram alta participação e/ou alta frequência apresentaram maior desempenho do que aqueles que tiveram baixa participação e/ou baixa frequência. Entrevistas realizadas para compreender com mais detalhes o baixo desempenho destes alunos permitiram confirmar os padrões da análise quantitativa: a sobrecarga de créditos comprometeu a participação e frequência dos alunos em Bioquímica. A apreciação conjunta dos resultados confirmou o efeito positivo dessa abordagem inovadora para as variáveis investigadas, apesar de influência significativa de fatores externos.
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