Alguns aspectos sociológicos da construção científica e suas implicações pedagógicas para a Educação em Química

MORAES, Mariuce Campos de
Alguns aspectos sociológicos da construção científica e suas implicações pedagógicas para a Educação em Química
Cuiabá/MT, Universidade Federal do Mato Grosso, UFMT, 1996. 173p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Miguel Pedro Lorena de Moraes).

Resumo Numa perspectiva de valorização dos profissionais da educação, enfatiza-se a influência da formação social sobre sua conduta professada diante do processo educacional e de produção científica, ou seja, compreende-se que a concepção de mundo de todo professor depende de sua inserção num dado contexto histórico e numa determinada realidade social. Compreendendo ainda que isto implica numa postura metodológica correspondente aos seus modelos teóricos, quase sempre implícitos, acerca do conhecimento, da educação e da construção científica, desenvolveu-se uma investigação sobre as características que compõem esses modelos e as possibilidades de alteração do mesmo. Como professores enxergam a realidade do processo do qual fazem parte, e que ajudam a construir? O que os motiva a desenvolver um processo cujos traços são tidos como, predominantemente, problemáticos? Mais intrigante do que estas questões, apresenta-se uma outra: quanto dos modelos de leitura de mundo e do processo educacional, difundidos e aceitos na comunidade científica, estão por trás de seus depoimentos? Na investigação desencadeada por entrevistas com professores de química nas escolas públicas de Cuiabá e Várzea Grande (MT), são verificadas situações como: a não utilização de instrumentos apropriados ao processo educacional de química, a realidade que envolve docentes e discentes, a escassez de recursos infra-estruturais e a expectativa de formação científica a partir do conteúdo programático (partindo de livros didáticos). Estas não diferem daquelas que tem sido detectadas por diversas outras pesquisas sobre o tema. Há que se salientar que, no conjunto, evidencia-se a predominância de um modelo sociológico objetivo, que historicamente tem sido a base de formação de profissionais, responsável pela atuação predominante dos docentes, diante do processos de educação em ciências e química. Fica evidente, também, que a situação atual do processo educacional não esta aceita totalmente. O desejo de mudanças no mesmo tem sido indício da insatisfação (que se manifestam ora através de contradições, ora de equívocos, ora de fragilidade conceptuais) que permeia a o grupo entrevistado. Porém, parece possível afirmar que qualquer alteração nesse processo, para que assuma como objetivo a formação de homens engajados em seu meio físico, social e histórico, passa pela formação (tanto acadêmica quanto social) de um modelo teórico interacionista, envolvendo nova concepção de mundo, de processo educacional e mesmo, de produção científica.