A Significação De Representações Químicas E a Filosofia De Wittgenstein.

SILVA, Jackson Gois da
A Significação De Representações Químicas E a Filosofia De Wittgenstein.
São Paulo/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2012. 291p. Tese de Doutorado. (Orientador: Marcelo Giordan Santos).

Resumo Nesta tese fazemos um estudo da significação de representações químicas a partir da filosofia de Wittgenstein. Na comparação dessa filosofia com as propostas mais importantes do Ensino de Ciências, que são os paradigmas de Mudança Conceitual, Modelos Mentais e Perfis Conceituais, percebemos que essas propostas têm em comum o pressuposto representacional do significado. Isso quer dizer que o significado ocorre, nessas propostas, porque há uma relação de representação com objetos mentais, além de uma dependência lógica entre essas representações. Procuramos mostrar, a partir daí, os aspectos da filosofia de Wittgenstein que possibilitam a compreensão do significado como uso, e não como dependente de representações, objetos mentais ou da lógica. Com nossa proposta, o significado está integralmente na aprendizagem das formas de uso da nossa linguagem, não em entidades exteriores a ela. Isso resulta em consequências práticas para o ensino, uma vez que atividades que envolvem a fala e as ações a ela ligadas estão ao alcance de professores e pesquisadores, mas entidades mentais com dependência lógica não estão. Encontramos em nossa revisão da literatura a contribuição de um grupo de pesquisadores que tem produzido conhecimentos há uma década, os quais se inspiram na filosofia de Wittgenstein para propor sua própria epistemologia. Fazemos uma análise da transposição das concepções da filosofia de Wittgenstein para essa epistemologia e concluímos que, nas duas categorias propostas, as concepções trazidas de Wittgenstein não se constituem uma novidade no Ensino de Ciências, que são a importância da semelhança na elaboração de significados e o aprendizado a partir de onde não se tem dúvidas. Propomos que a principal contribuição desse filósofo para o Ensino de Ciências é o papel das regras na elaboração de significados. Além disso, procuramos delimitar de que forma o Ensino de Ciências pode fazer uso da filosofia de Wittgenstein, uma vez que há uma forte imagem terapêutica entre seus estudiosos. Como o fazer do Ensino de Ciências não é o mesmo da Filosofia, propomos os usos de seus métodos filosóficos na resolução pontual do passado filosófico ainda presente nessa área. Ainda propomos um ensaio sobre a questão da existência dos átomos, à moda da filosofia wittgensteiniana, e concluímos afirmando que essa questão é uma ilusão da linguagem. Ainda sugerimos um redirecionamento de foco no Ensino de Ciências para quais são as implicações epistemológicas de inventarmos formas de representação que apresentam aspectos empíricos e convencionais, ao invés de apenas observar de que maneira as práticas científica e filosófica tratam as representações.