A rede sociotécnica de um laboratório de química do ensino médio

REZZADORI, Cristiane Beatriz Dal Bosco
A rede sociotécnica de um laboratório de química do ensino médio
Londrina/PR, Universidade Estadual de Londrina, UEL, 2010. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Moisés Alves de Oliveira).

Resumo A presente dissertação tem como objetivo principal descrever a rede sociotécnica de um laboratório de Química do Ensino Médio a partir dos processos de tradução/translação. Possui como campo de estudo os laboratórios de Química do Centro Estadual de Educação Profissional Professora Maria do Rosário Castaldi, no município de Londrina-PR, onde a pesquisa foi realizada no período de setembro a dezembro de 2008 e de fevereiro a abril de 2009. A opção teórico-metodológica esteve vinculada à experiência etnográfica, na qual a pesquisadora acompanhou alguns momentos em que um embrião de laboratório de Química lutava para tornar-se um acontecimento com o intuito de tomar notas, analisar, escrever, revisar, para posteriormente, descrever aquilo que foi vivido e sentido naqueles espaços. Os dados de observação foram registrados através de gravação em áudio e anotações em diário de campo, seguindo os procedimentos de coleta e análise e adotando como marca e recorte as perspectivas dos Estudos de Laboratório e, em especial, da Teoria Ator-Rede ou Rede sociotécnica, defendidos por Bruno Latour. De acordo com esta perspectiva, o laboratório é entendido como uma imbricada rede composta por diversos elementos, instâncias, interesses, parcerias, procedimentos e saberes, produzidos por entidades humanas e não-humanas que constituem os objetos e os significados que conhecemos como ciências ou práticas científicas. Além disso, o conceito de tradução/translação, conceito chave deste corpo teórico, auxiliou na compreensão do conjunto heterogêneo de elementos que foram mobilizados pelos seus atores com o objetivo de tornar o laboratório uma organização reconhecida e consolidada. A observação e a descrição do material apontam para como a rede faz do laboratório estudado algo completamente “dependente” e producente da rede que atua, ou seja, como o processo de materialização do laboratório é dependente de uma série de associações, negociações, alinhamentos e estratégias realizadas pelos atuantes, que interligam o maior número de elementos a fim de dar viabilidade à construção deste espaço. No entanto, pelo que pôde ser observado, sua permanência e, conseqüentemente, seu sucesso não são garantidos haja vista que todos este processo de mobilização coletiva está sempre prestes a romper ou a se desfazer em algum ponto.