A pesquisa e a experimentação como instrumentos de motivação no ensino e aprendizagem de ciências

AGUIAR, Luiz Edmundo Vargas
A pesquisa e a experimentação como instrumentos de motivação no ensino e aprendizagem de ciências
Rio de Janeiro/RJ, Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, 1998. 98p. Tese de Doutorado. (Orientador: Tânia Cremonini de Araújo-Jorge).

Resumo A atividade docente, por mais bela ou nobre que possa ser, se não atualizada e repensada crítica e permanentemente, ao invés de transformadora, pode transformar-se em algo repetitivo e desmotivante. Deixa então de cumprir seu principal papel social que é fornecer elementos para a formação de indivíduos livres através da construção do conhecimento. Identificamos a necessidade de conjugar ensino e pesquisa como a única forma de estabelecer um real compromisso com um ensino de qualidade. Mostramos aqui como a pesquisa básica influenciou as atividades docentes desenvolvidas a partir daí. Descrevemos primeiramente os estudos com bactérias redutoras de sulfato (BRS) que levaram a um método eletroquímico para sua quantificação. Mostramos que medidas de potencial de prata pode se correlacionar com a concentração de sulfeto (produtos metabólicos), e sua direta relação com o número de BRS presentes em processo de biocorrosão. Relatamos, então, experiências docentes conseqüentes à integração pesquisa-ensino. Ao procurarmos identificar a imagem comparativa que estudantes têm dos professores e dos cientistas, verificamos que, assim como os cientistas, os professores de ciências também são vistos de forma estereotipada, ainda que de modo menos negativo que seus colegas de disciplinas de formação geral, que são por vezes depreciados. As aulas em laboratório foram identificadas como mais interessantes e motivadoras que o simples cuspe e o giz. Buscamos, então, testar e introduzir diferentes instrumentos de motivação na prática docente. No projeto “Química e Arte”, com técnicas controladas de processos oxidativos de diversos metais, os alunos obtiveram imagens sobre telas sem utilização de tintas, através dos produtos de corrosão formados. Incluiremos essa abordagem no ensino de físico-química e corrosão. Para o estudo de Biologia Celular, demonstramos a importância da utilização de microscópios para a introdução às células, o que pode ser complementado com o uso de livros didáticos. Por fim, elaboramos, para um museu de ciências, um modelo gigante de célula, interativo, e vários experimentos associados ao uso de microscópios e de modelagens, visando a compreensão da estrutura e funcionamento dos compartimentos celulares. Concluímos que a consciência para socializar o conhecimento pode se concretizar em diferentes iniciativas. Nosso trabalho contribui para a tomada de posição no sentido de avançar no processo de popularização científica, e aponta o impacto dessa nova qualidade de atividade docente, motivada e alimentada pela pesquisa científica.