A Inserção das Questões Ambientais no Curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Sergipe

PITANGA, Ângelo Francklin
A Inserção das Questões Ambientais no Curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Sergipe
/SE, Universidade Federal de Sergipe, UFS, 2015. Tese de Doutorado. (Orientador: Maria Inêz Oliveira Araújo).

Resumo O sistema econômico vigente começou, em meados do século XX, a apresentar sinais de insustentabilidade por conta da constatação de diversas externalidades, que ultrapassam a destruição e o esgotamento dos recursos naturais. Nesse cenário, a atividade químico-industrial, devido à sua ação poluidora e alguns desastres de repercussão mundial, passa a ser questionada e exigida uma nova postura frente às questões que envolvem o cuidado e a preservação do meio ambiente. Nesse contexto, esta Tese teve por objetivo investigar como as questões ambientais – Problemas Ambientais, Química Verde, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental– estão sendo inseridas no curso de Licenciatura em Química oferecido pela Universidade Federal de Sergipe no campus de São Cristóvão. Para tal, buscou-se conhecer as concepções, métodos e práticas adotadas pelos professores. A Pesquisa Qualitativa e interpretativa serviu de norte teórico no intuito de analisar em profundidade o universo pesquisado. Na coleta de dados foram utilizados: Análise de Documentos e Entrevistas semiestruturadas com os docentes do curso em tela. Na análise dos resultados, têm-se como base a Análise Textual Discursiva. Com vistas a atender os rigores e à validade interna da pesquisa, o método de triangulação foi utilizado a fim de que as inferências e interpretações dos resultados garantissem a qualidade da investigação empreendida. O diagnóstico da análise curricular foi realizado tomando como referência os critérios propostos pela rede de Ambientalização Curricular de Estudos Superiores, apontando para um currículo inovador, que procura atender às exigências legais, porém quando se desdobram em suas componentes curriculares, vê-se uma estrutura pouco flexível, em que as questões ambientais são pouco contempladas. Em relação às categorias de análise investigadas, observa-se, por parte dos professores, que o tratamento dos problemas ambientais está limitado ao desenvolvimento de suas atividades laboratoriais, contexto micro. Um entendimento de desenvolvimento sustentável que é bastante criticado. E visões comportamentalistas sobre Educação Ambiental que, de modo geral, apresentam-se como concepções antropocêntricas, fundadas em uma racionalidade técnico-instrumental, onde soluções técnicas são suficientes para viabilizar os problemas atuais. Em relação à Química Verde, há certo desconhecimento associado com seus princípios e sua filosofia, sendo suas ideias enquadradas numa corrente desenvolvimentista ou na macrotendência pragmática. Os dados levantados tanto na pesquisa, quanto nas referências apontam que, do modo como é operada, a Química Verde representa um instrumento de racionalização, que pode acabar colaborando na manutenção dos interesses de grupos hegemônicos. Quanto aos métodos e práticas, foram relatadas a utilização de intervenções pedagógicas que estimulam a participação e a construção do conhecimento por parte dos discentes, porém, ainda é marcante a preocupação com a transmissão dos conteúdos científicos disciplinares.