A história do currículo da licenciatura em química da UFRJ: tensões, contradições e desafios dos formadores de professores (1993-2005)

MASSENA, Elisa Prestes
A história do currículo da licenciatura em química da UFRJ: tensões, contradições e desafios dos formadores de professores (1993-2005)
Rio de Janeiro/RJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2010. 367p. Tese de Doutorado. (Orientador: Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro).

Resumo Este estudo investigou a construção sócio-histórica do currículo de um curso de formação de professores, o curso de Licenciatura em Química do Instituto de Química (IQ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no período de 1993 a 2005. Busquei compreender como ocorreu a gestação, criação, implantação e a implementação do citado curso e a influência dos formadores de professores na construção social do currículo desse curso, com especial atenção para as tensões e desafios decorrentes de diferentes concepções de formação docente de professores do Instituto de Química e da Faculdade de Educação (FE) que atuavam como formadores desse curso. Realizou-se pesquisa documental (documentos da criação do curso, atas de congregação, matrizes curriculares) e foram realizadas entrevistas em duas etapas: com 26 e 7 sujeitos, na 1a e 2 a etapas, respectivamente. Esses sujeitos foram selecionados entre formadores de professores; membros do secretariado e professores que ocuparam cargos estratégicos. Esta pesquisa apresenta contribuições para os estudos de currículo de cursos de formação inicial de professores em nível superior, neste caso, especificamente, para o curso de formação de professores de Química, em perspectiva sócio-histórica (Goodson, 1997a, 1997b, 2001, 2005a, 2005b, 2007a, 2007b). A partir de pesquisa documental e análise de entrevistas, foi possível perceber tensões e disputas decorrentes de concepções distintas dos formadores dentro do próprio IQ e como, a partir destas, o curso de formação é compreendido pelos professores. Além disso, foi possível perceber os embates entre o IQ e a FE onde foram explicitadas as diferenças entre estas duas unidades, seja por concepções de curso de formação de professores distintas ou pela compreensão do que eram as disciplinas pedagógicas, bem como através de discursos arraigados em defesa do locus institucional, o que expressa dificuldades na realização da parceria. A categoria institucional „Licenciatura em Química‟ permaneceu hegemônica, conforme o modelo “3+1”, apesar de ter havido a mudança organizacional, com a reestruturação da matriz curricular. Assim, ao apresentar os resultados de investigação sobre a prática docente de formadores de professores de Química, foi possível compreender os mecanismos institucionais, políticos, sociais e culturais que mobilizam esses sujeitos e repercutem na formação oferecida.