GOIS, Crislaine Barreto
A Experimentação e o Ensino de Ciências: diferentes abordagens nas aulas de Química
São Cristovão/SE, Universidade Federal de Sergipe, UFS, 2014. 148p. Dissertação de Mestrado. (Orientador: Adjane da Costa Tourinho e Silva).
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Resumo |
Esta pesquisa teve como principal objetivo caracterizar, por meio de uma análise da dinâmica discursiva da sala de aula, a forma como professores de Química do agreste sergipano desenvolvem aulas práticas envolvendo experimentos. Muito tem se falado sobre a importância atribuída à experimentação no ensino de ciências e o quanto ela contribui para o processo de ensino-aprendizagem de Química. Entretanto, poucos professores têm clareza sobre os diferentes tipos de abordagem à experimentação e como tais abordagens podem contribuir para a aprendizagem de conceitos e uma boa percepção acerca da Natureza da Ciência e dos saberes científicos. Nesse sentido, consideramos essencial entendermos como os professores fazem uso da experimentação em sala de aula, tendo em vista um ambiente ainda pouco investigado, como a região agreste do estado de Sergipe. Acreditamos, ainda, que a discussão sobre as diferentes formas de abordagem à experimentação, por meio de uma descrição da dinâmica discursiva da sala de aula, possa contribuir para que os professores repensem sua prática pedagógica de forma mais clara e com critérios mais objetivos. Inicialmente, entrevistamos cinco professores de Química que atuam em escolas que compõem a Diretoria Regional de Educação 3 (DRE3) da Rede Estadual de Ensino. As entrevistas foram transcritas e analisadas tendo em vista a verificação de indicativos da forma como os professores abordavam a experimentação em sua prática cotidiana, baseando-se em categorias presentes na literatura, sendo elas: demonstrativa, verificacionista e investigativa. Desse modo, consideramos que dois dos professores alternavam as abordagens investigativa e demonstrativa. Outros dois utilizavam a experimentação na forma demonstrativa e verificacionista. Por fim, um deles afirmou não fazer uso de atividades experimentais em suas aulas. Verificamos, também, que todos os professores entrevistados ressaltaram o caráter motivador das atividades experimentais para os alunos. Em seguida, selecionamos dois desses professores para a coleta de dados em sala de aula. Inspirados em uma perspectiva etnográfica de pesquisa, assistimos algumas aulas de ambos os professores e filmamos uma aula envolvendo atividades experimentais de cada um deles. Para análise destas aulas, construímos mapas de episódios, os quais favoreceram uma melhor visualização destas. As interações discursivas desenvolvidas nas aulas dos dois professores foram analisadas tomando como base algumas categorias da ferramenta analítica proposta por Mortimer e Scott (2002) e ampliada por Mortimer et al (2007). Tais categorias foram associadas às principais abordagens à experimentação presentes na literatura. Nessa perspectiva, observamos que a abordagem experimental utilizada por um dos professores se aproximava de uma abordagem verificacionista, enquanto que a do outro se aproximava de uma abordagem investigativa, entretanto com algumas particularidades importantes, como por exemplo, o alto grau de direcionamento do professor no desenvolvimento de toda a atividade. Dessa forma, tornou-se evidente a necessidade de elaboração de uma nova categoria que contemplasse aspectos de uma atividade investigativa, mas que levasse em conta a presença marcante do professor em sua condução. Assim, denominamos essa nova categoria como Investigativa Guiada, a qual é caracterizada pela investigação em torno de uma questão, cabendo ao professor avaliar, aprovando ou não, as decisões dos alunos, bem como se certificar das concepções que ancoram as suas ações durante todo o desenvolvimento da atividade.
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