JÚNIOR, Lailton Passos Côrtes
A DIMENSÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO NO CURSO DA UFBA
São Paulo/SP, Universidade de São Paulo, USP, 2013. 313p. Tese de Doutorado. (Orientador: Carmen Fernandez).
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Resumo |
Esta pesquisa teve como objetivo investigar a Dimensão Ambiental na formação inicial de professores de química na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nosso referencial teórico e metodológico está baseado nas Representações Sociais de Moscovici, na Teoria do Núcleo Central de Abric e nas perspectivas de Educação Ambiental de Sauvé e de Loureiro. Nossos dados se basearam na análise documental do projeto pedagógico do curso e das ementas das disciplinas, questionários com estudantes em distintos níveis do curso (iniciantes, avançados e formandos) e questionários e entrevistas com professores formadores. Analisamos também dados coletados em duas disciplinas através da observação participante, respostas a questionários, relatórios e entrevistas. A partir da análise documental do projeto pedagógico e das ementas das disciplinas identificamos duas disciplinas obrigatórias e quatro disciplinas optativas que apresentam indícios da dimensão ambiental. Os resultados da análise dos questionários mostram que licenciandos e professores possuem representações sociais muito semelhantes. Os estudantes iniciantes na graduação apresentaram representações centralizadas na reciclagem e conscientização para preservação do meio ambiente. Estudantes mais avançados no curso apresentaram representações centralizadas na sustentabilidade e na conscientização. Os alunos concluintes apresentaram representações centralizadas na poluição e na conscientização. A centralidade das representações dos docentes está na sustentabilidade e conscientização. Assim, o núcleo central das representações sociais de alunos em diferentes fases do curso e dos professores formadores é constituído por palavras, como reciclagem, sustentabilidade, meio ambiente, poluição, conscientização e preservação. Comparando as palavras do núcleo central com as palavras dos elementos periféricos, consideramos que as representações sociais dos alunos em diferentes fases do curso e dos professores formadores são praticamente as mesmas e estão vinculadas às ideias principais de conscientização e preservação. Esta perspectiva é reforçada quando comparamos as unidades de significado e as correntes de educação ambiental apresentadas pelos sujeitos investigados, conscientização e corrente conservacionista, respectivamente. Neste sentido, concluímos que as representações sociais dos alunos não são transformadas ao longo do curso e que as representações sociais dos professores formadores são muito próximas das representações dos alunos. O núcleo central das representações de discentes e docentes está na conscientização para preservação do meio ambiente. Os resultados obtidos nas duas disciplinas indicaram representações sociais de educação ambiental muito semelhantes àquelas obtidas no estudo diagnóstico. Uma exceção se deu numa turma da disciplina Química, Educação e Meio Ambiente. No início da disciplina as concepções dos alunos foram categorizadas na corrente de educação ambiental naturalista e conservacionista e ao final foram identificadas em maior frequência a corrente sistêmica e do desenvolvimento sustentável. Concluindo, nossos resultados sugerem que apesar do projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Química investigado ter sofrido reestruturações ao longo do tempo, apresenta ainda poucos indícios explícitos de inserção da Educação Ambiental na formação dos professores e, como consequência, tem pouco poder transformador das ideias iniciais de seus estudantes. Apesar disso, houve alguma modificação numa disciplina que tratou explicitamente dessa temática, muito embora isso tenha acontecido em apenas uma das turmas investigadas. Assim, a necessidade de ampliar as ideias de conscientização das pessoas em relação ao meio ambiente parece ser o ponto inicial para a transformação das representações de alunos e professores formadores. Entretanto, acreditamos que para que ocorra a ambientalização curricular de fato no curso é necessário o envolvimento de toda a comunidade acadêmica, principalmente dos professores formadores e que o projeto pedagógico seja traduzido em ações educativas presentes nas distintas disciplinas do curso.
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